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Como é o pensar do filósofo?

Relato do Filosofo Francês ANDRÉ COMTE-SPONVILLE:




[...] A cena se desenrola no inicio do século XX, num lugarejo da frança rural. Um jovem professor de filosofia passeia com um amigo e encontra um camponês,que seu amigo conhece, lhe apresenta e o nosso filósofo troca algumas palavras com ele.

- O que o senhor faz? - Indaga o camponês.

- Sou professor de Filosofia.

- Isso é profissão?

- Porque não? Acha estranho?

- Um pouco!

- Por quê?

- Um filósofo é uma pessoa que não liga para nada...

Não sabia que se aprendia isso na escola.





Na continuidade do texto, Sponville assim comenta o diálogo :




O que é um filósofo?
É alguém que pratica filosofia, em outras palavras, que se serve da razão para tentar pensar o mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria e da felicidade. E isso se aprende na escola? Tem que ser aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já que a filosofia é antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O importante é começar, e não parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que só é tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum.

Pode acontecer. Mais um motivo para filosofar sem mais tardar.

O texto de Sponville termina com a seguinte constatação:

 Afinal, só pensa e reflete quem filosofa? É claro que não, já que se pensa quando se resolve uma equação matemática, reflete-se criticamente ao estudar história geral, pensa-se antes de decidir sobre o que fazer no fim de semana, pensa-se quando se escreve um poema.

Então, que tipo de "pensar" é esse, do filósofo? Não é melhor nem superior a todos os outros, mas sim diferente, porque se propõe a "pensar nossos pensamentos e ações". Dessa atitude resulta o que chamamos experiência filosófica. Ao criar ou explicar conceitos,os filósofos delimitam os problemas intrigantes e buscam o sentido desses pensamentos e ações, para não aceitarem certezas e soluções passivamente.




A FILOSOFIA DE VIDA




 Talvez você tenha percebido que existe outra ideia permeando a explicação dada por Sponville no início do texto: a de que é possível a qualquer pessoa propor questões filosóficas. De fato, na medida em que somos seres racionais e sensíveis, sempre damos sentido ás coisas. A esse "filosofar" espontâneo de todos nós, chamamos de filosofia de vida. A propósito desse assunto, o filósofo italiano Antônio Gramsci diz:

"Não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense, precisamente porque o pensar é próprio do homem como tal."




Então as questões filosóficas fazem parte do nosso cotidiano? Fazem sim. Quando alguém decide votar em um candidato por ser de um determinado partido político, quando troca o emprego por outro não tão bem remunerado, mas que é mais de seu agrado; quando alterna a jornada de trabalho com prática de esporte ou com a decisão de ficar em casa assistindo à televisão; quando investe na educação dos filhos, e assim por diante. É preciso reconhecer que existem critérios bem diferentes fundamentos tais decisões, pois há valores que "entram em jogo" nessas escolhas, e a indagação sobre os valores é uma tarefa filosófica.

Quantas vezes você ja é pergunto sobre o que é o amor,a amizade, a feliciade, a solidão a morte?

Certamente, não só pensou sobre esse assuntos, como eventualmente discutiu a respeito com seus amigos, observando que ás vezes os pontos de vista não coincidem. Essas divergência também ocorrem entre filósofos.

Com isso identificamos a filosofia de vida com a reflexão do filósofo propriamente dita, mas notamos que as indagações filosóficas permeiam a vida de todos nós. Os filósofos especialistas conhecem a história da filosofia e levantam problemas que tentam equacionar não pelo simples bom-senso, mas por meio de conceitos e argumentos rigorosos.

Por conta dessa afinidade que todos termos com o filosofar, parece claro que seria proveitoso sabermos um pouco sobre os filósofos que posicionaram a respeito de determinados temas. Desse modo, você poderá enriquecer sua reflexão pessoal por meio de uma argumentação mais rigorosa, o que não significa sempre concordar com eles. Muitos pelo contrário, a discussão filosófica está sempre aberta a controvérsias.

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